Minha infância foi boa, meus pais eram agricultores, morávamos
em uma casa grande, meu pai era um agricultor bem sucedido, vivíamos bem. Estudava
em uma escola municipal na colônia, sabe aquelas que tem perto de toda a igreja
de interior? Acho que aquele tempo foi uns dos melhores da minha vida, vivia
com meus pais e com minha irmã, passava o tempo na escola e ajudando na roça.
Meu pai era uma pessoa
normal até cair no vício da bebida, foi ai que a minha vida mudou, as brigas
entre meu pai e minha mãe eram intensas. Aos dez anos minha mãe não aguentou
mais e resolveu se separar, eu tinha uma certa raiva do meu pai naquele tempo,
porque quando ele bebia, agredia minha mãe, por isso apoiei a minha mãe na
separação. Quando meus eles se separaram, ficamos eu, minha irmã e minha mãe
morando em nosso sítio, meu pai foi para casa de seus pais. Na mesma noite da
separação meu pai ligou desesperado para minha irmã dizendo que iria se matar,
minha irmã tentou acalmá-lo, disse para ele ficar longe de nós por um tempo e
ele desligou o telefone.
Na manhã seguinte quando
eu estava em uma aula de educação física, meu professor chegou pra mim bem
sério, no momento estranhei, daí ele disse que ia me levar a casa da minha tia,
não entendi na hora, mas fomos, chegando lá minha tia falou que tinha algo a me
contar, que era para eu ser forte, aí ela falou que meu pai havia falecido.
O pior de toda essa história é que a família do meu pai
avisou que era para a gente não aparecer lá porque meu pai tinha se matado por
culpa nossa, foi muito difícil entender isso.
Quando fomos ao velório, olhavam para nós como se focemos de
outro mundo, na saída do cemitério as pessoas falavam em voz alta, “vão
contente”, meu DEUS, eu ficava me perguntando o que essas pessoas tinham na
cabeça.
Meu pai já tinha tudo
planejado, deixou no porta luvas do carro uma carta dizendo que nos amava e
pediu desculpa pelo ato, no final tinha um número de um seguro de vida que a
gente nem sabia que existia.
Depois disso tudo, minha mãe entrou em uma forte depressão,
não ligava mais para nada, felizmente estávamos bem, tínhamos tudo em máquinas
para agricultura e meu pai tinha deixado um bom dinheiro para nos ajudar.
O mais difícil era encarar toda comunidade toda contra nós,
tivemos que nos virar em tudo, éramos mal falados e a noite vinham atirar
pedras em nossa casa, mas eu nunca desisti, na verdade eu nunca liguei, minha
mãe sempre dizia que eu era bom e não tinha culpa de nada.
Seguimos em frente, mostramos a todos que não precisávamos de
ninguém, eu perdi até meus amigos, os pai deles não deixavam chegar perto de
min.
Quatro anos depois resolvemos nos mudar para a cidade mais próxima
para tentar uma vida nova, construímos uma casa nova, assim conseguimos novos
amigos, tudo novo.
Com tudo se ajeitando minha mãe conheceu um cara, que se
tornou meu atual padrasto agora, já fazem três anos que eles estão juntos e
felizes, minha irmã recebeu uma ótima proposta de emprego em uma cidade próxima
(Guaporé), e como a cidade onde morava era pequena e não tinha muito emprego lá,
resolvi vir para Guaporé também.
Hoje tenho um bom emprego, com um bom salário, minha mãe está
muito bem e a família do meu pai veio nos pedir desculpas, tudo está dando
certo. Em pouco tempo já vou começar meu próprio negócio em parceria com meu
chefe. Por isso se você tiver algum problema, calma, tudo passa, você só não
pode desistir de seus sonhos e nunca escute pessoas ignorantes, no seu caminho
sempre existirá pessoas para te botar para baixo.
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