quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Edu.

Minha infância foi boa, meus pais eram agricultores, morávamos em uma casa grande, meu pai era um agricultor bem sucedido, vivíamos bem. Estudava em uma escola municipal na colônia, sabe aquelas que tem perto de toda a igreja de interior? Acho que aquele tempo foi uns dos melhores da minha vida, vivia com meus pais e com minha irmã, passava o tempo na escola e ajudando na roça.
 Meu pai era uma pessoa normal até cair no vício da bebida, foi ai que a minha vida mudou, as brigas entre meu pai e minha mãe eram intensas. Aos dez anos minha mãe não aguentou mais e resolveu se separar, eu tinha uma certa raiva do meu pai naquele tempo, porque quando ele bebia, agredia minha mãe, por isso apoiei a minha mãe na separação. Quando meus eles se separaram, ficamos eu, minha irmã e minha mãe morando em nosso sítio, meu pai foi para casa de seus pais. Na mesma noite da separação meu pai ligou desesperado para minha irmã dizendo que iria se matar, minha irmã tentou acalmá-lo, disse para ele ficar longe de nós por um tempo e ele desligou o telefone.
 Na manhã seguinte quando eu estava em uma aula de educação física, meu professor chegou pra mim bem sério, no momento estranhei, daí ele disse que ia me levar a casa da minha tia, não entendi na hora, mas fomos, chegando lá minha tia falou que tinha algo a me contar, que era para eu ser forte, aí ela falou que meu pai havia falecido.
O pior de toda essa história é que a família do meu pai avisou que era para a gente não aparecer lá porque meu pai tinha se matado por culpa nossa, foi muito difícil entender isso.
Quando fomos ao velório, olhavam para nós como se focemos de outro mundo, na saída do cemitério as pessoas falavam em voz alta, “vão contente”, meu DEUS, eu ficava me perguntando o que essas pessoas tinham na cabeça.
 Meu pai já tinha tudo planejado, deixou no porta luvas do carro uma carta dizendo que nos amava e pediu desculpa pelo ato, no final tinha um número de um seguro de vida que a gente nem sabia que existia.
Depois disso tudo, minha mãe entrou em uma forte depressão, não ligava mais para nada, felizmente estávamos bem, tínhamos tudo em máquinas para agricultura e meu pai tinha deixado um bom dinheiro para nos ajudar.
O mais difícil era encarar toda comunidade toda contra nós, tivemos que nos virar em tudo, éramos mal falados e a noite vinham atirar pedras em nossa casa, mas eu nunca desisti, na verdade eu nunca liguei, minha mãe sempre dizia que eu era bom e não tinha culpa de nada.
Seguimos em frente, mostramos a todos que não precisávamos de ninguém, eu perdi até meus amigos, os pai deles não deixavam chegar perto de min.
Quatro anos depois resolvemos nos mudar para a cidade mais próxima para tentar uma vida nova, construímos uma casa nova, assim conseguimos novos amigos, tudo novo.
Com tudo se ajeitando minha mãe conheceu um cara, que se tornou meu atual padrasto agora, já fazem três anos que eles estão juntos e felizes, minha irmã recebeu uma ótima proposta de emprego em uma cidade próxima (Guaporé), e como a cidade onde morava era pequena e não tinha muito emprego lá, resolvi vir para Guaporé também.
Hoje tenho um bom emprego, com um bom salário, minha mãe está muito bem e a família do meu pai veio nos pedir desculpas, tudo está dando certo. Em pouco tempo já vou começar meu próprio negócio em parceria com meu chefe. Por isso se você tiver algum problema, calma, tudo passa, você só não pode desistir de seus sonhos e nunca escute pessoas ignorantes, no seu caminho sempre existirá pessoas para te botar para baixo.

Nenhum comentário: